quarta-feira, 29 de outubro de 2008

As Dez Mais ou... , A Torá resumida?

Os Dez Mandamentos foram recebidos, no ano judaico de 2448, aos pés da montanha, que fumegava como o "fumo de fornalha", enquanto estremecia sob o crescente som do "Shofar" (corneta de chifre de carneiro) Shemot (Êxodo) 19:18.

Os Dez Mandamentos, em conjunto com as 620 letras usadas para escreve-los, são o melhor "resumo" das 620 "mitzvot"(preceitos), ou seja são 613 preceitos + 7 acrescentados posteriormente por "Estudiosos do Saber", inspirados na própria Torá).

Os Dez Mandandamentos estavam gravados em dois blocos de pedra.

As Leis gravadas no primeiro bloco tratam das obrigações "religiosas" que o homem tem para com o seu Criador:

1. Eu sou o Eterno, teu D'us, que te tirou da terra do Egito, da casa dos escravos.
2. Não terá outros deuses diante de Mim. Não farás para ti imagens de escultura, figura alguma do que há em cima, nos céus, e abaixo, na terra, e nas águas, debaixo da terra. Não te prostarás diante deles, nem os servirás.
3. Não jurarás em nome do Eterno, teu D'us, em vão.
4. Estejas lembrado do dia de "Shabat" (sábado) para santifica-lo.
5. Honrarás a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra, que o Eterno, teu D'us, te dá.

Não se surpreenda, não há nenhum engano na posição do quinto mandamento, seu lugar é ai mesmo, pois os pais nos deram a vida, são nossos criadores aqui na Terra, e merecem respeito semelhante ao que devemos ao nosso Criador Todo-Poderoso.

O segundo bloco contém as obrigações "civis", aquelas que regem os relacionamentos entre pessoas:

6. Não matarás.
7. Não adulterarás.
8. Não furtarás.
9. Não darás falso testemunho contra teu próximo.
10. Não cobiçarás a casa de teu próximo, não cobiçarás a mulher de teu próximo, seu servo, sua serva, seu boi, seu asno e tudo o que seja de teu próximo.

Os cristãos, tanto católicos quanto protestantes ou evangélicos, tem modos diferentes de enumerar os Dez Mandamentos.

Observe-se que o primeiro e o último mandamentos são direcionados ao coração das pessoas, não exigindo que se faça algo.

Os oito mandamentos intermediários exigem que a pessoa faça ou deixe de fazer algo concretamente.

O "Midrásh" (relato instrutivo) ensina que os dois blocos foram dados juntos, porque não devemos separar nossa vida espiritual, interior, da vida secular, mundana. O judaismo não é para ser praticado apenas nas sinagogas, não está restrito apenas aos nossos compromissos com D'us.

A Torá, tal como a recebemos, determina que ser religioso é tanto ser praticante quanto agir eticamente. Em todos os aspéctos nossa vida será examinada, conforme as leis gravadas nos dois blocos de pedra. Para o judaismo um delinquente religioso é tão paradoxal quanto um ateu praticante.

Em verdade, para a tradição judaica, devemos priorizar as pessoas, pois nas palavras de Elie Wiesel (Prêmio Nobel da Paz em 1968):

"Se eu quizer me aproximar de D'us, tenho que me aproximar de meus semelhantes. Se eu sou seu amigo, sou amigo de D'us. Se eu sou seu inimigo, sou inimigo tanto de D'us quanto de Suas criaturas."

Ou também, de um pregador cristão, Cotton Mather (1663-1728):

"Ai daqueles que oram para D'us com todo o coração aos domingos e maltratam seus semelhantes nos demais dias da semana."

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