quinta-feira, 16 de outubro de 2008

"De Moisés a Moisés não houve outro como Moisés"

A tradição judaica faz essa afirmação porque, desde o profeta Moisés, que conduziu os judeus para fora do cativeiro egípcio, e recebeu os mandamentos da Torá diretamente de D'us, até que surgisse o Rabino, médico e filósofo Moshé ben Maimon, o Rambám (ou Maimônides, filho de Maimon) (14 de Nissan - 1135 / 20 de Tevet - 1204), não houve um sábio que explicasse ao povo judeu, de forma tão clara, os ensinamentos recebidos pelo primeiro Moisés.
Maimônides demonstrou que usar a razão para desenvolver a fé é perfeitamente lógico, e tornou-se o único filósofo capaz, até hoje, de navegar nos rios das quatro grandes culturas: judaica, arabe, greco-romana e ocidental, tornando-se assim o pensador judeu mais importante da Idade Média.
Maimônides, para seguir os ensinamentos do Talmud de não usar a religião para se manter, tornou-se médico da corte do Sultão do Egito, mas mesmo assim ainda encontrou tempo para conhecer as obras dos grandes pensadores de outras culturas, entre eles Platão e Aristóteles, e é claro, sem deixar de tornar-se um mestre da Biblia e do Talmud.
Maimônides foi o primeiro a sistematizar todas as leis dispersas pelo Talmud em um compêndio sobre a Halachá (a Lei, o ensinamento, o caminho a seguir), que denominou Iád Hachazacá "A Mão Forte", para deixar claro que a obediência à Lei e o cumprimento dos preceitos (mitzvót) é que atende plenamente às nossas obrigações com D'us, tornando-nos melhores judeus, mais do que as nossas convicções, pois as ideias podem ser esplêndidas mas, se não forem transmutadas em ações, de nada valerão, reafirmando portanto que o judaismo é uma religião do fazer, da ação. Este compêndio também é conhecido como "Mishnê Torá" (Segunda Torá).
Maimônides amalgamando seus extensos conhecimentos judaicos e seculares elaborou a obra-prima da filosofia judaica: "O Guia dos Perplexos", onde dirige aqueles religiosamente pertubados e perplexos para o caminho da superação de suas dúvidas, provando que os judeus não temem a abordagem filosófica, e que, aqueles intelectualmente corajosos, com ela atingem a fé com convicção lógica, cumprindo as mitzvót, os mandamentos da Torá.

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